Nessa semana em que minha esposa,
Enilze Lucena, viajou em missão ao Haiti, refleti um pouco sobre o foco da
Igreja na presente década. Começo fazendo uma constatação: missionários
verdadeiros não estão no palco sob os holofotes, não estão na mídia, não estão
nos grandes congressos nem nos grandes eventos. O trabalho dos missionários é
um trabalho silencioso, muitas vezes solitário e não raramente de muito choro
por amor àqueles que ainda não foram alcançados pela Graça salvífica de Jesus
Cristo.
Sob a liderança do Pr. Ezequias
Amancio Marins, segue para o Haiti um grupo de 15 pessoas, de várias Igrejas e
de várias cidades, com o objetivo de: realizar um Congresso Jovem, visitar Igrejas e orfanatos e ainda a construção de
uma creche escola. Essas pessoas decidiram doar parte de sua vida, parte (considerável)
de seu orçamento e sobretudo seus corações, movidos pela chama que arde em
favor dos não alcançados. Estão levando amor, palavra e ajuda a uma nação
carente e ainda sofrida pelas conseqüências da grande tragédia que se abateu
sobre aquele país.
Sem holofotes, sem uma adesão
maciça, apesar dos apelos do Pr. Ezequias, sem multidões, mas com um sentimento
profundo de estar cumprindo a vontade do Mestre. Pude sentir a presença de Deus
durante o culto de envio realizado no dia 14 próximo passado, na Igreja Batista
em Brisamar, Itaguai. Pude sentir o quanto Deus continua amando a obra
missionária.
Fico a pensar, também, com uma
tristeza no coração, sobre o quanto estamos em falta com a obra do Senhor. Fico
a pensar o quanto estamos, como liderança, nos desviando dos reais propósitos
da Noiva do Cordeiro. Quanto se investe hoje em missões? Quanto se investe em
‘shows’ gospel? Quanto por cento da renda de nossas igrejas são direcionadas a
projetos missionários? Lembro que em um relatório de prestação de contas da
CGADB (Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil), da qual faço parte,
que demonstrava uma despesa de mais de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais)
com passagens e hospedagens, enquanto que foi destinada, nesse mesmo ano, a
quantia humilhante de R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais) aproximadamente, para
a Secretaria de Missões daquele órgão.
Não estou aqui trazendo nenhuma
novidade, pois o impresso com essa prestação de contas foi fartamente
distribuído pela própria CGADB, não sendo, portanto, nenhum dado sigiloso. Mas
isso me leva a concluir, que tudo é um reflexo do que acontece em nossas
Igrejas. Uma grande parte está voltada para si mesma, para seus próprios
projetos internos, como construção de templos cada vez maiores, seminários teológicos,
realização de grandes eventos.
Fico pensando que grandes
ministérios, com dezenas e até centenas de congregações, estão esquecendo de
suas origens, estão esquecendo que um dia, homens e mulheres cheios de fé,
desembarcaram em nossas terras sem holofotes, sem grandes festas de recepção,
mas assim mesmo cheios de certeza de estarem cumprindo a vontade do Pai. Se
hoje estamos congregando em uma Igreja próspera, com ar condicionado, com
cadeiras acolchoadas, com capacidade para mil, dois mil e até mais pessoas, foi
porque um dia a semente foi plantada por servos e servas de Deus, que também
abriram mão de uma vida confortável, segura, ao lado dos entes queridos, para
pregar a Palavra de Salvação àqueles que necessitam. Que Deus esteja ao lado dessa equipe, que Deus guie o
Pr. Ezequias e os demais irmãos que se lançaram nesse desafio. E que voltem com
segurança, debaixo da proteção de Cristo. Amém.
Pr. Pedro Lucena
pedrodelucena@ig.com.br
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