quinta-feira, 26 de julho de 2012

MISSIONÁRIOS


Nessa semana em que minha esposa, Enilze Lucena, viajou em missão ao Haiti, refleti um pouco sobre o foco da Igreja na presente década. Começo fazendo uma constatação: missionários verdadeiros não estão no palco sob os holofotes, não estão na mídia, não estão nos grandes congressos nem nos grandes eventos. O trabalho dos missionários é um trabalho silencioso, muitas vezes solitário e não raramente de muito choro por amor àqueles que ainda não foram alcançados pela Graça salvífica de Jesus Cristo.
Sob a liderança do Pr. Ezequias Amancio Marins, segue para o Haiti um grupo de 15 pessoas, de várias Igrejas e de várias cidades, com o objetivo de: realizar um Congresso Jovem, visitar  Igrejas e orfanatos e ainda a construção de uma creche escola. Essas pessoas decidiram doar parte de sua vida, parte (considerável) de seu orçamento e sobretudo seus corações, movidos pela chama que arde em favor dos não alcançados. Estão levando amor, palavra e ajuda a uma nação carente e ainda sofrida pelas conseqüências da grande tragédia que se abateu sobre aquele país.
Sem holofotes, sem uma adesão maciça, apesar dos apelos do Pr. Ezequias, sem multidões, mas com um sentimento profundo de estar cumprindo a vontade do Mestre. Pude sentir a presença de Deus durante o culto de envio realizado no dia 14 próximo passado, na Igreja Batista em Brisamar, Itaguai. Pude sentir o quanto Deus continua amando a obra missionária.
Fico a pensar, também, com uma tristeza no coração, sobre o quanto estamos em falta com a obra do Senhor. Fico a pensar o quanto estamos, como liderança, nos desviando dos reais propósitos da Noiva do Cordeiro. Quanto se investe hoje em missões? Quanto se investe em ‘shows’ gospel? Quanto por cento da renda de nossas igrejas são direcionadas a projetos missionários? Lembro que em um relatório de prestação de contas da CGADB (Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil), da qual faço parte, que demonstrava uma despesa de mais de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) com passagens e hospedagens, enquanto que foi destinada, nesse mesmo ano, a quantia humilhante de R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais) aproximadamente, para a Secretaria de Missões daquele órgão.
Não estou aqui trazendo nenhuma novidade, pois o impresso com essa prestação de contas foi fartamente distribuído pela própria CGADB, não sendo, portanto, nenhum dado sigiloso. Mas isso me leva a concluir, que tudo é um reflexo do que acontece em nossas Igrejas. Uma grande parte está voltada para si mesma, para seus próprios projetos internos, como construção de templos cada vez maiores, seminários teológicos, realização de grandes eventos.
Fico pensando que grandes ministérios, com dezenas e até centenas de congregações, estão esquecendo de suas origens, estão esquecendo que um dia, homens e mulheres cheios de fé, desembarcaram em nossas terras sem holofotes, sem grandes festas de recepção, mas assim mesmo cheios de certeza de estarem cumprindo a vontade do Pai. Se hoje estamos congregando em uma Igreja próspera, com ar condicionado, com cadeiras acolchoadas, com capacidade para mil, dois mil e até mais pessoas, foi porque um dia a semente foi plantada por servos e servas de Deus, que também abriram mão de uma vida confortável, segura, ao lado dos entes queridos, para pregar a Palavra de Salvação àqueles que necessitam. Que Deus  esteja ao lado dessa equipe, que Deus guie o Pr. Ezequias e os demais irmãos que se lançaram nesse desafio. E que voltem com segurança, debaixo da proteção de Cristo. Amém.

Pr. Pedro Lucena
pedrodelucena@ig.com.br

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